quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sim

Sim. Repito: sim! Não dei chance à dúvida, não nesta oportunidade. Ensaiei algo parecido, mas o sim me invadiu. Apressado, assustado; mas muito seguro de si. Um sim único, universal. Não que fosse impossível barrá-lo de pular os portões à figura de um molecote arredio a ir buscar o fruto da certeza no meio do meu jardim dos receios. Soltaria os cães da covardia em cima dele, no intuito de exterminar sua insolência. Demovi-me dessa ideia, talvez na certeza de que ele não chegasse à metade do caminho. Não o ouviria, decerto. Porém, diferente do que eu pensava, como era petulante o tal sim. Ousado como ele só, esquivava-se com tamanha habilidade de todos os bloqueios que eu criava para impedi-lo. Já não podia pará-lo, sabia. Então me preparei para o inevitável impacto, na esperança deste não ser tão fatal como haviam me dito. Abandonei qualquer cerco àquele pé de certeza, outrora miúdo. Sabia o quão difícil era escalá-lo. Tantos sim já haviam tentado, todos fracassaram. Mas confesso que dei uma torcidinha, singela, para o sucesso desse. Por curiosidade, eu acho. Ou por ter acompanhado ele tomar face, corpo, coragem. O fruto, já maduro, escorregou pela copa frondosa da árvore, vindo a depositar-se, suave, às mãos do sim. Ele, sorriso no rosto, sabia que havia conseguido. Sim, é você, Gabriela. Decidi me entregar, de corpo e alma.