domingo, 1 de novembro de 2009

Mas que merda, rapaz..

Acaba sendo assim. De tudo que se aprende nada funciona na hora da ação. Por mais que eu analisasse todas as possibilidades, revisasse todos os meus discursos mentalmente e me achasse preparado, a situação transformava meu preparo em um trabalho sem utilidade, me fazia uma pessoa cujo conhecimento da realidade era uma simples pretensão. A simplicidade não existe, assim como a facilidade. É tudo uma questão de sorte.
E nesse meio tempo eu fico tentando entender por que certas coisas são como são. Eu, com todo o meu discurso, fico aqui quebrando a cabeça por causa de uma pessoa. Uma pessoa que nem o tempo e a ausência puderam afastar. Se eu durmo, penso nela. Quando acordo procuro notícias suas no espaço, algum recado e tudo que vejo é um nome escrito no ceu. Se a procuro, não a acho. Se a acho, ela está de partida. E quando tudo parece se encaixar ela aparece e me derruba, rindo. E eu sinto raiva dela, de mim, do mundo e tenho vontade de quebrar portas, janelas, rasgar papeis, fotografias e no fim, sempre, eu sinto falta dela. Ela me mata devagar todos os dias...
Só que eu já disse tudo, já fiz tudo e ainda assim ela está longe. E é sempre essa sensação de miséria, de que, na vida dela, tudo está perfeitamente claro e limpo, enquanto eu, em um domingo a tarde, despejo uma paixão desigual em cima de algo que não ela, porque, talvez, ela achasse ridículo.
Talvez eu tenha perdido. Me perdido. O fardo de quem fala sem pensar no que vem depois do ato. A consequência de um jeito imperdoavelmente louco, egoísta e solitário no meio do mundo. Uma vida que é do outro, para o outro e nunca para si mesmo, esse "eu" esquecido em algum lugar do passado, atrás de uma linha riscada no chão da adolescência.
Mas ela não liga, não fala, ouve, mas não presta atenção, pensa, mas em outra coisa. E, no domingo de hoje, ela sossegada. Eu, não.

Quem sabe não passa amanhã?