sábado, 9 de janeiro de 2010

Parceirinha

Não tenho mais presentes para te dar, por isso, tudo o que posso fazer é aproveitar minhas pequenas e esporádicas epifanias inspiracionais para te fazer uma pequena homenagem nesse canto empoeirado da internet que pertence a mim e mais três. Mas tenho certeza de que eles não vão se incomodar em receber alguém por quem tenho tanto carinho.
Infelizmente preciso te desmentir. A minha intenção é não transformar esse texto em um bando de palavras sobre a minha pessoa. Você, no momento, é o foco principal. Por isso fico só com um pedacinho do teu espaço. No começo do ano foi publicado no Puro Charme um desabafo sobre minha partida com uma série de afirmações que, de certa forma, são equivocadas. Você disse que, quando faço algo, sou o melhor nisso. Não é verdade. Acontece que eu me dedico ao que faço - principalmente ao que gosto - integralmente. Para certas coisas, meus dias tem mais de vinte e quatro horas. Já o resto das afirmações creio serem verdade. Dizem os mais antigos que a beleza está nos olhos de quem vê, por isso não a culpo por me transformar em algo que não acredito ser. A isso, meus sinceros agradecimentos. E fica por aqui o meu protesto que não é protesto, apenas um choro de quem perdeu pra uma declaração tão bonita.
Mas você... Que não fez com que o ano em que estivemos juntos passasse rápido, mas o transformou em algo extremamente fácil de lidar. Durante cada dificuldade são pequenas coisas que nos motivam a continuar. E você, pequena, me fez levantar o queixo incontáveis vezes quando o peso se tornava praticamente insuportável. Me corrigiu a postura e, quando necessário, um tapa na cara para eu parar de reclamar. Ou para mostrar quem manda, não sei. Eu não danço, mas você sim. E com propriedade. Uma bailarina mais moderna que aprendeu a sambar nesse carnaval constante que é a vida de quem tem muito mais do que aparenta. Um carnaval que corre sem pensar que, mais à frente, existe uma ameaçadora quarta-feira de cinzas. E se essa quarta-feira chega na sua frente, com a mesma classe imperturbável você a contorna, sabendo que toda "tristeza é um intervalo entre duas felicidades".
Se há algo em você que eu admiro é a sua capacidade de dar felicidade ao outro sem se privar dela. Sua capacidade de carinho regida por uma fidelidade extremamente verdadeira com o que o recebe e consigo mesma. Mais do que amiga, você é cúmplice e isso é verdadeiramente bonito, mas ao mesmo tempo é grave. A isso te peço apenas cuidado. Se te invejo é somente porque você sabe ser você, sem dar muita bola para o pensamento dos diversos outros que também te invejam. Mas a minha inveja é boa, de querer bem, só outro nome para uma "admiração exagerada".
Eu não pretendo te falar o óbvio. Você é linda, física e moralmente. Isso é de conhecimento geral e não há quem discorde. Pode ser que exista quem torça o nariz, mas aí já é pura babaquice. É negar o que está na cara só para fazer birra. E eu discordo quando te chamam de princesa. Você não é bobinha nem boazinha. Você saca as coisas bem depressa e, de alguma forma, tem sempre algum plano para sair por cima. Fora que sabe judiar quando acha necessário. O teu silêncio foi, talvez, a coisa que mais tenha me machucado durante certo tempo. E princesas cantam bem.
O que eu acho, na verdade, é que a nossa amizade funciona bem pois, a partir do momento em que percebemos que não seria possível sustentá-la a partir de pequenos gestos que não eram verdadeiramente nossos, decidimos ser sinceros um com o outro. Foi estranho no começo, mas funcionou. Quando eu mereço você me manda à merda e vice-versa. Entre a gente não existe o medo do ridículo, do fracasso, do julgamento. De peito aberto eu era contigo há muito tempo. Hoje, um com o outro, creio sermos do avesso.
Por isso tenho por você um carinho imenso que é muitas vezes incompreensível para quem olha essa relação do lado de fora. E é bacana demais porque é algo nosso, particular, que não existe com mais ninguém. Pelo menos do lado de cá. Um tipo de amizade diferente que aprendi a desenvolver com outras pessoas. Você me ensinou, entre inúmeras outras lições, a ser simples, limpo, a amar quem eu chamo de amigo. E quando penso que você não pode se superar, eu me surpreendo. Até hoje acho impossível um coração enorme assim caber dentro desse toco de gente. Você não tem tamanho, mas tem colhão e isso merece respeito. Mas, novamente, por esse fato te peço cuidado.
Você fez uma falta do cão para mim esse ano. Mas "os rumos, às vezes opostos, que a vida da gente possa tomar não interessam. Interessa é esse movimento natural de se voltar e sorrir, não importa de onde, com o mesmo sorriso e dizer: 'Hello, girl, anything I can do?'" A gente só se separa para se encontrar novamente.
Essa tua personalidade feérica, fantasiosa é extremamente raro de se achar. Quanto a isso acho que posso me considerar uma pessoa de sorte.
Qualquer dia desses a gente senta e eu te conto tudo sobre você, parceirinha.

Em tempo: você só diz que é mais macho que eu e que tem um pau maior do que o meu porque tem inveja.