segunda-feira, 2 de junho de 2008

Timeless Chronicle

Faz tempo que não escrevo. Não só aqui, mas no papel mesmo. No máximo trabalhos, enfim, nada que tenha um compromisso firmado não com alguém, mas comigo mesmo, com um íntimo que se perdeu em um infinito intenso e irremediável de frustração. Olhar essa coluninha piscando, à espera de letras e fonemas que, juntas, formarão palavras que, quando lidas, tocarão cada parte do corpo do leitor, formarão caráteres, despertarão idéias e emoções, firmarão restos e fragmentos sem nenhum sentido, mas que juntos têm um poder imensurável. Enfim, perdeu-se a "aura", aquele sentimento único diante de algo.
Fui instruído, minha vida inteira, a não ceder. Somente se algo parecer inevitável, aí dá-se a volta, tenta-se pelos flancos, e, em último caso, chama-se a artilharia, pois esta vem pra acabar com tudo. O que acontece é que vem me surgindo a idéia de simplesmente abandonar o lugar; Não tentar os flancos nem usar a artilharia, simplesmente largar. Deixar que os mortos se devorem. Mas, infelizmente, é impossível, pois é necessário derrubar o oponente para se ganhar território e então seguir em frente, até que a próxima infantaria intervenha, e, antes da próxima - se houver -, existe essa, que é extremamente poderosa.
E aí vai a pergunta: Como agir diante da derrota pela vitória? Complicado? Vou explicar: como agir quando, após derrotado o adversário, este traz você consigo, e o pior, é você quem se derrota? Deixo claro a circunstância de que ambos se recompõem depois, mas, diante da inevitável derrota, como se deve agir?
Esse não é o tipo de pergunta que eu sei a resposta, é uma dúvida real! Há o tipo de resposta mais patriótica e gloriosa, que insiste em "lutar, mesmo que se morra!". Há quem diga que "deve-se planejar, montar estratégias". Eu, sinceramente, se tivesse condições, abandonaria. Iria para a África, ensinar português. Ou pensando maior, iria viajar o Brasil ensinando português, literatura e cultura, para ver se ainda é possível um resgate dessa terra, porque o resgate dessa alma é causa perdida. Não por ser impossível - não é -, mas eu tenho uma indisposição desgraçada e uma culpa imensa por ter de pensar (sozinho) em soluções para problemas que não deveriam nem existir.
Eu mereço? Acho que sim. Qualquer dia ainda estouro os miolos. Não necessariamente os meus.

E VIVA A REPÚBLICA!