quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Vírgula

Secou os cabelos vestiu as ceroulas caprichou no nó da gravata (nova) engoliu o pão com mortadela aquelas de padaria mesmo procurou as chaves apanhou a maleta fechou o gás e as janelas (talvez chovesse) calçou apressado os sapatos andou até o ponto tomou o Praça da Sé lotado espremeu-se na vergonha do transporte público perto das janelas de onde podia admirar o vaivém dos agoniados paulistanos pagou a passagem ao sonolento cobrador esquivou-se (murmurando licenças irrepreensíveis) até a saída pulou perto da São Bento andou até o escritório engoliu um café na portaria enfiou-se no elevador lotado subiu ao 7º caminhou à sua mesa secou o suor da testa com o punho da camisa esgueirou-se até a janela abriu-a (decibéis a invadiram) cerrou os olhos e pulou. Só então, respirou.