Em segundos o frio congelou meus dedos, arrepiou meus pêlos e me aflorou a poesia. À poesia, certamente.
Ainda consigo me emocionar, é certo. Tem sido cada vez mais difícil, e lamento, mas ela não vem a qualquer hora. Quem me dera tê-la ao alcance, mas há toda uma intermitência, e não a culpo. Tenho sido tão intenso nesses últimos dias que a tenho exprimido fora dos versos. A deixo explícita nas risadas, nos abraços, nos beijos, no cotidiano que me obriga a me virar do avesso, a expor a carne, as feridas, todas as marcas de unhas, dentes e violência dela.
Trago-a de volta a vocês hoje, agora, enquanto ela está disposta. Não há um dia sequer sem ela, mas hoje, especialmente, ela volta em forma de palavras. Não foram arrancadas, mas admito que foram resgatadas de um fundo que, de tão fundo, nem mais nome tem.
Talvez tenha sido a ausência de tutano, de combustível. Não deixei de amar, apenas diminui a intensidade devido às circunstâncias. Sempre achei que a saudade fosse sua maior fonte de energia, mas não.
A poesia, minha pelo menos, está relacionada diretamente com o contato. É sentir a pele na pele, o gosto na boca, todos os cheiros invadindo as narinas e puxando a alma para fora. É o trabalho conjunto de todos os sentidos que me faz escrever.
Não me dou bem com versos. Talvez a paixão pela forma tenha me feito tentar exprimí-la assim, mas não dá certo.
Moicano, vá! Ainda iremos todos descer ladeiras ao som dos afoxés. Atuaremos como Mateus e Bastião no Boi Bumbá. Leremos juntos poesias de Carlos Pena Filho, autos de Ariano Suassuna e livros de João Cabral de Melo Neto. Dançaremos o frevo e o maracatu. Iremos à feira de Caruaru. Nos tornaremos, juntos, mamelucos.
Seremos a orquestra armorial!
Stock, fique! Temos de filmar todas as nossas histórias milaborantes de assassinatos e sexo no melhor estilo noir. Portas e janelas tortas, mulheres com maquiagens pesadas e cidades estranhamente macabras e familiares. Becos sem saída não irão nos impedir de ir além e descobrirmos quem é o vilão. Teremos nossos próprios papéis atuados por nós mesmos sem interrupções nem prazos.
Seremos simplesmente nós mesmos.
Ya, venha! Eu sempre te espero. Não há noite tão escura nem dia tão quente (ou frio) que me impeça de te esperar. Há flores e mangueiras aonde eu moro e você pode ficar à vontade para fazer o que quiser com esse meu jardim. Há também um livro inteirinho em branco para você completar com a poesia dos seus dias, com os pequenos rascunhos que eu te dou, com as fotos. Não há um dia sem que teu nome não esteja no céu.
Roubando um verso, "vamos voar juntos bem alto sentindo o gosto de algodão doce, que é o gosto que as nuvens devem ter".
Um cheiro,
Eu.
Ainda consigo me emocionar, é certo. Tem sido cada vez mais difícil, e lamento, mas ela não vem a qualquer hora. Quem me dera tê-la ao alcance, mas há toda uma intermitência, e não a culpo. Tenho sido tão intenso nesses últimos dias que a tenho exprimido fora dos versos. A deixo explícita nas risadas, nos abraços, nos beijos, no cotidiano que me obriga a me virar do avesso, a expor a carne, as feridas, todas as marcas de unhas, dentes e violência dela.
Trago-a de volta a vocês hoje, agora, enquanto ela está disposta. Não há um dia sequer sem ela, mas hoje, especialmente, ela volta em forma de palavras. Não foram arrancadas, mas admito que foram resgatadas de um fundo que, de tão fundo, nem mais nome tem.
Talvez tenha sido a ausência de tutano, de combustível. Não deixei de amar, apenas diminui a intensidade devido às circunstâncias. Sempre achei que a saudade fosse sua maior fonte de energia, mas não.
A poesia, minha pelo menos, está relacionada diretamente com o contato. É sentir a pele na pele, o gosto na boca, todos os cheiros invadindo as narinas e puxando a alma para fora. É o trabalho conjunto de todos os sentidos que me faz escrever.
Não me dou bem com versos. Talvez a paixão pela forma tenha me feito tentar exprimí-la assim, mas não dá certo.
Moicano, vá! Ainda iremos todos descer ladeiras ao som dos afoxés. Atuaremos como Mateus e Bastião no Boi Bumbá. Leremos juntos poesias de Carlos Pena Filho, autos de Ariano Suassuna e livros de João Cabral de Melo Neto. Dançaremos o frevo e o maracatu. Iremos à feira de Caruaru. Nos tornaremos, juntos, mamelucos.
Seremos a orquestra armorial!
Stock, fique! Temos de filmar todas as nossas histórias milaborantes de assassinatos e sexo no melhor estilo noir. Portas e janelas tortas, mulheres com maquiagens pesadas e cidades estranhamente macabras e familiares. Becos sem saída não irão nos impedir de ir além e descobrirmos quem é o vilão. Teremos nossos próprios papéis atuados por nós mesmos sem interrupções nem prazos.
Seremos simplesmente nós mesmos.
Ya, venha! Eu sempre te espero. Não há noite tão escura nem dia tão quente (ou frio) que me impeça de te esperar. Há flores e mangueiras aonde eu moro e você pode ficar à vontade para fazer o que quiser com esse meu jardim. Há também um livro inteirinho em branco para você completar com a poesia dos seus dias, com os pequenos rascunhos que eu te dou, com as fotos. Não há um dia sem que teu nome não esteja no céu.
Roubando um verso, "vamos voar juntos bem alto sentindo o gosto de algodão doce, que é o gosto que as nuvens devem ter".
Um cheiro,
Eu.
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