Era um homem, não muito mais velho do que eu ou você. Estava esperando, e isto resumia praticamente sua vida inteira, sempre a esperar. Esperou nove meses para nascer, mais alguns para falar e assim que completou 11 anos, quis ter 14 para ver os filmes com censura.
Esperou até os 18 para poder dirigir e mais uns anos para o seu primeiro carro. Já era um homem e queria ser menino. Esperou a sexta-feira para beber, o fim da aula para voltar, a mulher perfeita para casar.
E mulheres amou várias, mas poucas souberam. Esperou para contar segredos, mas só esperou. Espera não morrer com eles. Ensaia diariamente diálogos que não existiram mas poderiam ter acontecido. O homem, desiludido de um amor que nunca possuiu, sonha acordado.
Engoliu seco, o inverno chegara e esfriara a ponta de seu nariz. O homem que queria ser menino viu seus sonhos irem embora com o vento gelado que batia em seu rosto. Não eram suas conquistas que ainda viriam, não era a felicidade, já que esta é momentânea, vai e vem. Viu escapar por entre os dedos a magia. O gosto amargo da falta lhe queimava o céu da boca e a fumaça o desnorteava.
Todas as manhãs esperava o trem chegar, crente de que estava mais frio do que dizia a moça do tempo. Era estranhamente reconfortante o silêncio do transporte público. O silêncio dos burburinhos alheios nunca o incomodou, ajudava a pensar em nada. Cruzava a cidade e via as pessoas tomarem diferentes rumos todos os dias. Cada uma no seu caminho, cada uma na sua espera.
Espera o sono chegar, e enquanto ele não vem, a madrugada lhe faz companhia, essa sim, a amante perfeita, sempre presente, sempre disposta a um abraço. E assim, o menino-homem abraça a madrugada, as vezes bem forte, as vezes só desfalece sobre seu colo e ela o acaricia com delicadeza impecável.
Por fim, esperava sempre a inspiração. Esperava até achar que ela nunca mais viria, mas ela vem, sempre vem. Então o homem a inspira e expira a esperança. E por um breve momento, é menino de novo.
Eis que homenzinho verde apareceu, e com seu passo tímido, o menino atravessou a rua.
Esperou até os 18 para poder dirigir e mais uns anos para o seu primeiro carro. Já era um homem e queria ser menino. Esperou a sexta-feira para beber, o fim da aula para voltar, a mulher perfeita para casar.
E mulheres amou várias, mas poucas souberam. Esperou para contar segredos, mas só esperou. Espera não morrer com eles. Ensaia diariamente diálogos que não existiram mas poderiam ter acontecido. O homem, desiludido de um amor que nunca possuiu, sonha acordado.
Engoliu seco, o inverno chegara e esfriara a ponta de seu nariz. O homem que queria ser menino viu seus sonhos irem embora com o vento gelado que batia em seu rosto. Não eram suas conquistas que ainda viriam, não era a felicidade, já que esta é momentânea, vai e vem. Viu escapar por entre os dedos a magia. O gosto amargo da falta lhe queimava o céu da boca e a fumaça o desnorteava.
Todas as manhãs esperava o trem chegar, crente de que estava mais frio do que dizia a moça do tempo. Era estranhamente reconfortante o silêncio do transporte público. O silêncio dos burburinhos alheios nunca o incomodou, ajudava a pensar em nada. Cruzava a cidade e via as pessoas tomarem diferentes rumos todos os dias. Cada uma no seu caminho, cada uma na sua espera.
Espera o sono chegar, e enquanto ele não vem, a madrugada lhe faz companhia, essa sim, a amante perfeita, sempre presente, sempre disposta a um abraço. E assim, o menino-homem abraça a madrugada, as vezes bem forte, as vezes só desfalece sobre seu colo e ela o acaricia com delicadeza impecável.
Por fim, esperava sempre a inspiração. Esperava até achar que ela nunca mais viria, mas ela vem, sempre vem. Então o homem a inspira e expira a esperança. E por um breve momento, é menino de novo.
Eis que homenzinho verde apareceu, e com seu passo tímido, o menino atravessou a rua.
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