Visivelmente desanimado pelo tanto de páginas que ainda teria de escrever, pensou nela. Eram linhas e mais linhas de um discurso que para ele só importava para o momento - esqueceria depois. O texto, não ela, tanto que ela apareceu e até agora ele crê na possibilidade de ele tê-la chamado em pensamento e ela, inconscientemente, ter ido atrás do canto doce que ouvia. Sorriu involuntariamente, mas o reprimiu assim que ela entrou. Em vez de silêncio, algum diálogo e, enfim, silêncio. Pensava na alegria de estar apaixonado e o quão estúpido parecera por sorrir em um dia de frio e chuva, em um dia em que renunciara um amor certo para cair novamente na incerteza de um novo amor.
Ela se mantinha séria, pensativa, alternando entre ler e escrever seu nome num pedaço de papel que usava para marcar as páginas do livro. Ele apenas a olhava e respondia às perguntas que ela fazia - já esquecera completamente o texto e a cópia. Tinha vontade de rasgar as páginas do caderno e sussurrar com os olhos fechados em dor tudo que sentia por ela, tudo que queria fazer, que queria que acontecesse - tudo que sonhava e que lutaria para realizar. Era, inelutavelmente, loucura, mas ele se mantia são, era preciso. Quem faria o que ele fez se não fosse louco? Quem negaria a sinceridade de um amor por uma nova paixão? Quem se perderia no infinito a pensar no mistério? Quem esqueceria compromissos e perderia o sono se não fosse louco?
Ela se tornara a insônia, o bater de saltos no assoalho que desperta o sono, o peso que apenas se sente deitar ao lado quando, de repente, o cheiro vem e nos atrai. Coisa curiosa essa mulher: é a tradução de poemas, a inconstância, o desespero da humanidade, é o caos essa mulher! É a destruidora de paz e a prova de que a fantasia, a poesia e o amor são físicos, concretos; é a desilusão que se tem ao ver o intocável e, ao mesmo tempo, a incrível ilusão de esperança de poder tocá-lo um dia.
É o resultado do retorno do poeta para si mesmo, a destruição do mundo e a construção de um novo em que tudo é feito ao seu gosto e há prazer nisso.
Voltou ao texto, era preciso terminá-lo.
Um cheiro,
Gui.
Ela se mantinha séria, pensativa, alternando entre ler e escrever seu nome num pedaço de papel que usava para marcar as páginas do livro. Ele apenas a olhava e respondia às perguntas que ela fazia - já esquecera completamente o texto e a cópia. Tinha vontade de rasgar as páginas do caderno e sussurrar com os olhos fechados em dor tudo que sentia por ela, tudo que queria fazer, que queria que acontecesse - tudo que sonhava e que lutaria para realizar. Era, inelutavelmente, loucura, mas ele se mantia são, era preciso. Quem faria o que ele fez se não fosse louco? Quem negaria a sinceridade de um amor por uma nova paixão? Quem se perderia no infinito a pensar no mistério? Quem esqueceria compromissos e perderia o sono se não fosse louco?
Ela se tornara a insônia, o bater de saltos no assoalho que desperta o sono, o peso que apenas se sente deitar ao lado quando, de repente, o cheiro vem e nos atrai. Coisa curiosa essa mulher: é a tradução de poemas, a inconstância, o desespero da humanidade, é o caos essa mulher! É a destruidora de paz e a prova de que a fantasia, a poesia e o amor são físicos, concretos; é a desilusão que se tem ao ver o intocável e, ao mesmo tempo, a incrível ilusão de esperança de poder tocá-lo um dia.
É o resultado do retorno do poeta para si mesmo, a destruição do mundo e a construção de um novo em que tudo é feito ao seu gosto e há prazer nisso.
Voltou ao texto, era preciso terminá-lo.
Um cheiro,
Gui.

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