"Porque há muito tempo eu sou a alimária de um anjo cuja missão eu desconheço" V. M.
A relação entre escolhas e atos é cíclica e termina quando termina a vida, obviamente, pois mortos não escolhem nem agem. Mas quero pensar agora sobre as propriedades das escolhas e dos atos.
Ultimamente a impressão que tenho é que, por mais que eu tente, tomo as atitudes erradas. Falo quando devo calar, ouço quando devo falar, toco quando devo distanciar, enfim, a personagem de "Poema em Linha Reta", de Álvaro de Campos.
Talvez - e tenho usado muito o "talvez" - não exista uma atitude ou uma escolha na qual não machuquemos alguém. Quando amamos alguém, talvez estejamos magoando alguma outra pessoa que nos ama. Por outro lado, pode ser que, errando, estejamos favorecendo o acerto de alguém. Quem sabe devamos pensar em nós mesmos e tornar esse caos um individualismo cooperativo. Mais um paradoxo para a conta.
Acontece que o erro tem sido frequente em minhas atitudes e, por mais que eu me esforce, acabo agindo de forma a gerar mágoas, decepções, frustrações, ou pior, silêncios. O silêncio é a pior forma de resposta. O outro não sabe a que responder nem de que forma agir. O silêncio é essa faca invisível que nos atinge sem que percebamos e que nos faz sangrar, nos expondo, nos ridicularizando a cada tentativa de rebatê-lo. E o que tenho encontrado como resposta às minhas atitudes é o silêncio.
E pergunto a mim mesmo: o que fazer diante do erro? O bom senso nos ensina a corrigi-los, mas cada tentativa de repará-lo é capaz de torná-lo maior, de distorcê-lo, de dar-lhe novas faces e significados, novas interpretações. Cada vez mais tenho percebido que a solução é deixá-lo se resolver sozinho. Por mais que, eventualmente, nós o reparamos, a marca fica. Nosso nome fica gravado naquele pedaço marcado da vida que caminha conosco, enquanto os acertos se deixam ficar para trás, irresgatáveis. Por isso deixo que o erro se conserte. Evito assim o esforço inútil de fechar uma ferida que permanecerá sempre aberta na minha memória e mais ainda na dos outros.
Já que os outros não nos dão créditos, que se virem sozinhos como farei a partir de hoje.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Assinar:
Comment Feed (RSS)
|